Tratamento de Feridas
com Laser
A origem do vocabulo laser advem da sigla inglesa LASER - Light Amplification
by Stimulated Emission of Radiation, (Amplificacao da Luz por Emissao Estimulada de Radiacao)
HISTORICO
A partir da decada de 1960 foram realizados estudos sobre
os efeitos biologicos da laserterapia na reparacao tecidual, sucessivamente outras pesquisas demonstraram a aplicabilidade
clinica e hoje a laserterapia e aplicada no tratamento de feridas.
O laser quando era operado em baixa intensidade de energia
foi considerado inicialmente um Bioestimulador. Epoca em que os terapeutas tinham excelentes resultados no tratamento de feridas,
o processo de cicatrizacao era acelerado com a utilizacao do laser de baixa intensidade (LLB). Porem, com o passar do tempo,
essa terapia comecou a ser utilizada nao so para estimular e acelerar processos, mas tambem para dete-los. Desta maneira,
essa terapia passou a ser utilizada muitas vezes buscando-se efeitos antagonicos no tecido biologico. A partir de estudos
clinicos e laboratoriais pode-se concluir que esse processo terapeutico nao somente acelerava determinados processos, mas
tambem retardava outros, ou simplesmente modulava outros tantos. Para Fuller (1983) e Ohshiro e Calderhead (1988) se a radiacao de um laser de alta potencia atingir um tecido alvo,
dependendo do coeficiente de absorcao deste tecido, ele podera sofrer carbonizacao, vaporizacao, coagulacao ou ainda simplesmente
ter suas proteinas constituintes degradadas ou desnaturadas. O que essas reacoes tem em comum e o fato de que em todas elas
a estrutura do tecido atingido e destruido ou alterado permanentemente. Alem desses efeitos foto-termicos, existem outros
efeitos nao dependentes de calor, os quais criam igualmente alteracoes irreversiveis ou destruicao do tecido, que sao os efeitos:
foto-osmotico, foto-ionico, foto-enzimatico e foto-imunologico, entre outros.
No organismo animal existe uma funcao foto-reguladora, baseada
em certos foto-receptores capazes de absorver fotons de determinados comprimentos de onda, que chegam a provocar uma transformacao
na atividade funcional e metabolica da celula. Este mecanismo e importante nas aplicacoes dos laseres.
O laser interfere no processo de troca ionica, acelerando
o incremento de ATP, sobretudo quando a celula esta em condicao de estresse, ou seja, o tecido ou orgao tratado com laser
esta afetado por uma desordem funcional ou alguma lesao tecidual. Os laseres visiveis tem pouca penetracao no tecido, enquanto
que os laseres infravermelhos penetram varios centimetros. Por outro lado, os fibroblastos respondem melhor aos comprimentos
de onda emitidos no visivel. Entretanto, a eficacia terapeutica nao corresponde somente ao nivel de penetracao, mas sim à
interacao entre a luz laser e os diferentes tecidos biologicos envolvidos. A penetracao nao e fator determinante para os efeitos
gerados no tecido, pois os efeitos foto-quimicos, foto-fisicos e foto-biologicos gerados pelo laser afetam nao so a area de
aplicacao, mas tambem as regioes circundantes desses tecidos. Alem do comprimento de onda, e importante a potencia optica
do laser a ser utilizado no tratamento, ou melhor dizendo, mais que a potencia, a irradiancia (ou intensidade) aplicada. Densidades
de potencias mais altas geram melhores resultados sobretudo do ponto de vista de analgesia nos tecidos. De qualquer maneira,
para lesoes situadas na intimidade tecidual, teremos que optar por comprimentos de onda emitidos na faixa do infravermelho;
para lesoes situadas superficialmente, ambos comprimentos de onda sao indicados.
Resumindo entao, a absorcao
de fotons por parte da celula, seja diretamente por captacao pelos cromoforos mitocondriais ou por acao em sua membrana celular,
produz estimulacao ou inibicao de atividades enzimaticas e de reacoes foto-quimicas. Estas acoes determinam alteracoes foto-dinamicas
em cascatas de reacoes e em processos fisiologicos com conotacoes terapeuticas. A foto-sensibilidade celular e bastante complexa,
pois nao existe um limiar que determine simplesmente se o laser sensibilizou ou nao aquela celula. As celulas podem responder
ao estimulo luminoso em varios graus e a magnitude da foto-resposta celular dependera do estado fisiologico em que se encontra
aquela celula previamente à irradiacao, dessa forma, a resposta celular sera fraca ou ausente quando seu potencial redox
e otimo, e a resposta sera presente e forte quando seu potencial esta alterado, por alguma razao.
Esses processos de foto-sensibilizacao
e foto-resposta celular podem manifestar-se clinicamente de tres modos. Primeiramente
vao agir diretamente na celula, produzindo um efeito primario ou imediato, aumentando o metabolismo celular ou, por exemplo,
aumentando a sintese de endorfinas e diminuindo a liberacao de transmissores nosciceptivos, como a bradicinina e a serotonina.
Tambem tera acao na estabilizacao da membrana celular. Clinicamente observaremos uma acao estimulativa e analgesica dessa
terapia. Havera, alem disso, um efeito secundario ou indireto, aumentando o fluxo
sanguineo e a drenagem linfatica. Dessa forma, clinicamente observaremos uma acao mediadora do laser na inflamacao. Por fim, havera a instalacao de efeitos terapeuticos gerais ou efeitos tardios, e clinicamente observaremos, por
exemplo, a ativacao do sistema imunologico. Por isso tambem o laser e usado atualmente para ativar a drenagem linfatica.
Segundo Maegawa et al. (2000) os efeitos terapeuticos
dos laseres sobre os diferentes tecidos biologicos sao muito amplos, ao induzir efeitos trofico-regenerativos, antiinflamatorios
e analgesicos, os quais se tem confirmado tanto em estudos in vitro como in vivo, destacando-se os trabalhos que demonstram
um aumento na microcirculacao local.
CARACTERISTICAS DO RAIO LASER
Para ser utilizado na reparacao cutanea cicatricial o raio
laser deve possuir otima interacao com o tecido cutaneo.
O laser pode ser composto de varios gases, tais
como: CO2, Diodo, Neodimio (Nd), Helio-Neonio (HeNe), Aluminio-Galio-Indio-Fosforo (AlGaInP).
O laser de baixa intensidade e o mais empregado na reparacao
tecidual.
Em relacao ao comprimento de ondas os laseres de baixa intensidade
estao situados entre 660 a 904 nm.
INDICACAO
Indicada como coadjuvante no tratamento de feridas superficiais
e profundas, limpas ou infectadas.
CUIDADOS E CONTRA-INDICACAO
- Em lesoes neoplasicas, ja que pode estimular o seu desenvolvimento,
e em clientes portadores de retinopatia.
- Irradiacao direta sobre a retina: a radiacao LASER provoca
lesoes irreversiveis na retina.
- Irradiacao em focos bacterianos agudos
- Pacientes e terapeutas: usar oculos protetores
- Desaconselhavel o tratamento na gravidez;
- Cuidados especiais em pacientes com arritimia cardiaca,
disfuncoes tireoideas, marcapassos, em tratamento com esteroides ou farmacos fotossensibilizantes ao laser.
- A existencia de barreiras à penetracao da radiacao laser
devem ser evitadas (cremes, suor excessivo, etc).
- Pacientes com disturbios psicologicos podem apresentar reacoes
psicossomaticas na presenca de qualquer recurso terapeutico estranho
PERIODICIDADE DE APLICACAO
O numero de aplicacoes e variavel segundo o tipo de ferida,
fase cicatricial e protocolo utilizado.
CURATIVOS DURANTE O TRATAMENTO COM LASERTERAPIA
O leito da lesao deve ser mantido umido, como, por exemplo,
com acido linoleico (acido graxo essencial - AGE) e hidrogel.
O curativo devera ser substituido em media a cada 12 ou 24
horas e toda vez que for contaminado
EFEITOS TERAPEUTICOS
- Proliferativo: aumenta a neo-angiogenese, sintese de fibroblastos,
colageno e ATP (adenosina trifosfato);
- Fibrinolitico: facilita a fibrinolise;
- Anti-edematogenico: facilita o retorno venoso-linfatico,
devido a acao vasodilatodora dos capilares;
- Antiinflamatorio: interfere na sintese de prostaglandina,
aumentando a permeabilidade capilar;
- Analgesico: libera substancias quimiotaxicas, que estimulam
a liberacao de endorfinas, normalizando o potencial eletrico da membrana celular;
- Bactericida: aumenta a quantidade de interferon, potente
agente bacteriano natural;
TECNICA DE APLICACAO
A tecnica de aplicacao utilizada depende das caracteristicas
do leito da ferida, especialmente de sua dimensao.
1. Tecnica pontual ou ponto
a ponto: e aplicada em
determinados pontos a borda da ferida.
2. Tecnica de varredura externa: e aplicada em toda a borda da ferida.
CICATRIZES
- Irradiar pontualmente primeiro as bordas da lesao na proporcao
de 3 a 6 joules/cm2 , depois por sistema de varredura,
sobre toda lesao ate completa cicatrizacao.
- Ferimentos, Ulceras e Queimaduras
- Evitar tocar o local com a caneta, irradiando pontualmente
com 3 a 6 joules/cm2 a uma distancia de aproximadamente
5 a 10mm, o terapeuta nao devera voltar aos pontos ja
aplicados.
3. Tecnica de varredura interna: e aplicada dentro da propria lesao (ja
esta em desuso, um dos principios da aplicacao do laser e o contato com a superficie, com esta tecnica de varredura pode contaminar
o material e disseminar focos e infeccao existentes na ferida).
4. Tecnica de varredura mista: sao aplicadas, de forma conjunta, as varreduras
interna e externa.
5. Tecnica associada - sao aplicadas, de forma conjunta, a pontual
e varredura mista
- Pontos a serem Observados na selecao do tratamento:
- As sessoes de tratamento podem ser feitas de diariamente
ate semanalmente de acordo com a necessidade. Como regra geral, um tratamento que nao apresente resultado apos a oitava a
nona sessao deve ser interrompido.
Cabe ao enfermeiro raciocinar caso a caso, alterando as doses
durante o tratamento, modificando o numero de sessoes, adaptando o tratamento ao paciente em questao.
A densidade energetica a ser aplicada varia de acordo com
o quadro a ser tratado e com o tipo de paciente e regiao a ser irradiada.
Segundo Josep Cools (1984) podem ser usados como orientacao
os seguintes parametros:
Efeito Analgesico................................................2
a 4 joules/cm2
Efeito Anti-inflamatorio.......................................1
a 3 joules/cm2
Efeito Regenerativo............................................3
a 6 joules/cm2
Efeito Circulatorio...............................................1
a 3 joules/cm2
Ainda segundo Cools, em situacoes inflamatorias deve-se seguir
o seguinte raciocinio:
Fase aguda.........................................................doses
baixas
Fase sub-aguda.................................................doses
medias
Fase cronica.......................................................doses
altas
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
- COIIS, Josep. La terapia laser, hoy, Barcelona, Centro documentacion Laser de Meditec, S. A. 1984
- FULLER, A. T. Fundamentals of lasers in surgery and medicine. In: DIXON, J. A. (Ed). Surgical applications of lasers. Chicago:
Year Book Medical Publishers, 1983.
- MAEGAWA,Y. et al..Effects of Near Infrared Low Laser Irradiation on Microcirculation. Lasers Surg Med n.27 2000.
- OHSHIRO, T.; CALDERHEAD, R.
G. Low level laser therapy. Chichester: J Wiley & Sons, 1988.
- RIVERA, Luis C. - “Manual de Laserterapia"
-TUNER, J.; HOLDEN, L.. Terapia a Laser: pratica e cientifica quadro clinico, 1995.
-VACCA e cols. Activation of mitochondria DNA replication
by HeNe laser irradiation. Biochm
- Biophys - Res - Commum, 195(2), 704-709, sept, 1993.